quarta-feira

Chama

Qual Vela se acende,
num rastilho de força,
mostrando esplendor,
inerte mas viva,
exposta a ventos,
sopros e derrubes,
dura, perdura, resiste,
com mais garra ou esforço,
com mais naturalidade ou vontade,

Qual Vela se apaga,
mirrando, perdendo luz,
muito devagarinho,
mas como que num ultimo grito,
deixem-me resistir...
num derradeiro e fogaz clarão,
grita pela ultima vez... VIVI !!!

Já repararam como a chama de uma vela dá um clarão mais intenso precisamente antes de se apagar ..?

1 deram-me um minuto menos vazio:

Regi 30 de novembro de 2009 às 16:32  

Somos uma herança quando nascemos. Esse é o primeiro instinto material. E seguimos assombrados pelo medo da perda, e do abandono, porque não recebemos a dádiva da nossa vida em mérito, e mantemo-la à guarda de quem nos concebeu, pensando: “um dia serei meu”. Desse pensamento surgem os conflitos à volta da independência, quando a nossa vinda é, por si, um início e não uma continuidade, continuidade de outros. E com a distanciação, e tudo o que ela comporta, achamo-nos na miragem perfeita para detectar e denunciar. E não compreendemos que até a causa da nossa existência fomos nós que a plantámos. A linearidade é uma invenção para pôr término à responsabilidade.
As energias corpo a corpo, antes mesmo de fluírem entre corações, não são mais do que a solidão acompanhada, disfarçada em sociedade, encontrada em transportes públicos. Sendo um constante espelhamento de nós no outro, o olhar é consciência, sem o ser.
Construímos identidade à base da destruição de modelos, por pura reacção que em nada é racional, quando o cerne da questão encerra a própria modelação.
E, se na crítica, nos sentimos únicos, porque não o sentir, igualmente, quando o auto-flagelo é mais fácil – e cataliza o pregão da compra do nosso companheiro de lutas? A mudança não significa nem sequer nos pormos em causa, quanto mais nos picotarmos. A mudança passa tão-somente por descortinar, no pedestal do nosso farol, a lente dos nossos “trióculos” e encarar que a exigência ao mundo são feridas e até mesmo vazios nossos. E abraçarmo-nos nesse instante não é desistir. A determinação não é fruto da linguagem e é gémea da acção, mas o seu ar está no abraço. Nós somos o nosso ar. E a filtração do ar é a prática da fé, fé no nosso valor ilimitado.
Tomamos como verbo dos nossos passos O Resultado; Quando a razão é o que nos permite, a cada assalto, rasgar raios de sol – e não duas palas a obsecarem-nos –, nasce uma simbiose entre o pensamento e o percurso, e não uma dependência entre desejo e meta.
E como no Inverno faz frio lá fora, fechamo-nos em casa. Se saímos, achamos que aí já está o esforço, e contentamo-nos, mas nem lhe reconhecemos valor e esperamos senti-lo no afago dos outros. No entanto, não passamos de estranhos, estagnados num tempo que passou, e, numa realidade tão heterogénea, imperam leis de sobrevivência, mas onde o complexo é que nos abate.

A conclusão é contigo. Desafio-te: termina o texto. Não tenhas medo de apagar a chama da tristeza só porque no último instante ela se mostra maior!